Cultura...


A Bunda
A bunda que engraçada
Está sempre sorrindo, nunca é trágica
Não lhe importa o que vai pela frente do corpo.
A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora-murmura a bunda- esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte por conta própria.
E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.

Carlos Drummond de Andrade

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